Obsessão: definição, características e classificação

Definições

“Domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas” (1)
“Ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo” (2)
“A obsessão é a influência que um ou mais espíritos tentam obter sobre um indivíduo, desejando prejudicá-lo.” (3)

Sob a ótica destas definições vemos que a obsessão parte do espírito desencarnado para encarnado. Através de experiências adquiridas em salas mediúnicas, em comunicações espíritas e em livros complementares à obra de Kardec podemos identificar outras formas de obsessão e concluir que esta pode se apresentar de diferentes modos e sob diferentes aspectos.
Neste artigo vamos mostrar as características da obsessão entre Desencarnado para Encarnado e os tipos observadas por Kardec.

Características da Obsessão

Persistência de um Espírito em se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tipologia, etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
Ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe;
Crença na infalibilidade e na identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
Confiança do médium nos elogios que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;
Disposição para se afastar das pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
Tomar a mal a crítica das comunicações que recebe;
Necessidade incessante e inoportuna de escrever;
Constrangimento físico qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado;
Rumores e desordens persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o objeto. (4)

Certamente existem outras características, porém estas são as mais comuns e que mereceram destaque feito por Kardec. Ainda sobre a ótica do mestre veremos os tipos de obsessão classificados como Obsessão Simples, Fascinação e subjugação.

Tipos de Obsessão

Simples ocorre quando um Espírito malfazejo se impõe, a mau grado do médium, nas comunicações que ele recebe, impedindo-o de se comunicar com outros Espíritos ou se apresenta em lugar dos que são evocados.

Na obsessão simples, o médium sabe que se acha “vítima” de um Espírito mentiroso e este não se disfarça; não dissimula suas más intenções e o seu propósito de contrariar. O médium reconhece sem dificuldade a felonia e, como se mantém em guarda, raramente é enganado. Este gênero de obsessão é, portanto, apenas desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações que se desejaria receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados.

Podemos incluir nesta categoria os casos de obsessão física, quando ocorrem manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem ouvir espontaneamente por meio de pancadas, arrastar de correntes ou outros ruídos comuns nas ditas “Casas Mal assobradas”.

A fascinação tem conseqüências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito no pensamento do médium, confundindo ou embasando, de certa forma, o seu raciocínio.

O médium fascinado não acredita que esteja sendo enganando. O Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve ou fale, mesmo que todos percebam. A ilusão pode ir até ao ponto de fazê-lo achar sublime a linguagem mais ridícula.

Este é um tipo de obsessão bastante comum entre os palestrantes, oradores, dirigentes, médiuns e todas as pessoas que se deixam aprisionar pelo véu do orgulho e da vaidade. Aqui, o médium fica à mercê do obsessor que constantemente afasta do convívio do obsediado as pessoas que podem ou tentam alertá-lo, impedindo que o mesmo se livre do seu “perseguidor”.

Devemos estar sempre atentos a este tipo de obsessão, até mesmo os mais experientes médiuns e palestrantes são afetados. Um dos remédios mais eficazes contra esse grau de obsessão é sempre se manter verdadeiramente humilde, não se deixar influenciar por pessoas que não entendem que o exercício dos labores do espiritismo deve sempre ser feito de forma humilde evitando a autopromoção ou destaque, ciente de que muitas vezes as pessoas, mesmo sem intenção, podem induzir os trabalhadores ao erro.

A diferença entre a obsessão simples e a fascinação é que na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e que pode ser superado por orações fervorosas, passes energéticos e mudança de sintonia. Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude. Os grandes termos – caridade, humildade, amor de Deus – servem-lhe como que de carta de crédito, porém, apesar de tudo isso, deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que vêem claro. Neste tipo de obsessão são necessárias providências mais complexas para ajudar o obsidiado (estudaremos em um próximo artigo).

A Subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado ficando o indivíduo sobre seu julgo podendo ser Moral ou Corporal. É o tipo mais complexo de obsessão aqui estudado.

Subjugação Moral é muito parecido com fascinação, só que em uma intensidade muito maior. Em muitos casos pode ocorrer a alteração completa no senso crítico do obsidiado, fazendo com que o subjugado fale ou aja contra a sua vontade causando-lhe mal estar e constrangimento.

Quadro comparativo entre Fascinação e Subjugação

Fascinação Subjugação Moral
A pessoa não acredita estar fascinada, muitas vezes se expõe ao ridículo sem a menor percepção que está errada. A pessoa sabe que está com problemas. Mesmo que ela não saiba o que é obsessão, nota com facilidade que está agindo de forma estranha.
Algumas vezes acredita que seu estado é algum transtorno psicológico.
Seus pensamentos são manipulados de forma que o fascinado acredite que o pensamento é dele. Seus pensamentos são afetados, suas idéias contaminadas, causando, em alguns casos, danos psicológicos de difícil reversão.
O Espírito fascinador afasta o médium do convívio das pessoas que podem alertá-lo sobre o ocorrido. O espírito que está subjugando o médium muitas vezes só se concentra em prejudicar mais e mais o obsidiado.
E muitas vezes se acha insensível, por isto mesmo não tem a preocupação intensa em afastar as pessoas, o seu foco principal é prejudicar o médium, podendo até levá-lo a atentar contra sua própria vida.

Subjugação Corporal – é a mais grave das obsessões. Alguns autores antigos e companheiros de outras religiões ou crenças utilizavam  o termo possessão. Kardec utiliza o termo subjugação por que possessão implica de seres criados perpetuamente para o mal e isto segundo o espiritismo não existe. O “mal” é apenas um estado passageiro. Outra razão é que Possessão denota apoderamento de um corpo por outro ser estranho uma espécie de coabitação e isto é outra conotação errônea. Quando um espírito é ligado ao corpo através do nascimento, nenhum outro pode ocupar seu lugar. O que ocorre é uma junção, uma sobreposição, do perispírito do obsessor sobre o perispírito do obsidiado ocorrendo uma subjugação.

Na subjugação corporal o obsediado sofre constrangimento físico dores no corpo, falta de ar, angústia, depressão e muitos outras patologias. Neste caso é comum o obsidiado ser considerado, epilético, louco, ou desequilibrado e ser levado às clínicas psiquiátricas e manicômios. Nestes casos o tratamento recomendado é que se faça um trabalho em conjunto: medicina moderna, sob orientação de profissional e tratamento espiritual em centro espírita sério. Atuando em conjunto terão muito mais êxito do que isoladamente.

Autor: Armando Pontes

1 – KARDEC Allan. Livro dos Médiuns, cp.XXXII, 304p. 62ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 486p
2 – KARDEC Allan. A Gênese os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, cp. XXXII, 304p. 36ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. 422p)
3 – NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Conhecendo o Espiritismo um curso básico, cp.12, 71p.  2ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2003. 128p
4- KARDEC Allan. Livro dos Médiuns, cp.XXXII, 308-309p. 62ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 486p

Bibliografia

KARDEC Allan. Livro dos Médiuns, 62ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 486p
KARDEC Allan. A Gênese os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, 36ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. 422p
NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Conhecendo o Espiritismo um curso básico, 2ed. Salvador: Fundação Lar Harmonia, 2003. 128p